Chris Rock e Will Smith no Oscar 2022: Aprendizados
A cerimônia do Oscar 2022 foi marcada pela agressão física de Will Smith em Chris Rock.
Eu gostaria de contextualizar toda a apresentação do Oscar antes da agressão que tanto se vem comentando nas mídias para quem não assistiu a cerimônia.
Nesse ano de 2022 a cerimônia foi apresentada por três atrizes que também são comediantes: Regina Hall, Amy Schumer e Wanda Sykes.
As apresentadoras em diversos momentos fazem piadas sobre como as atrizes e atores não atuaram bem, como os filmes são ruins e fazem comentários sexistas, dentre outras ditas piadas.
Na apresentação de Regina Hall, ela chama ao palco o que ela diz considerar os homens mais bonitos e comenta que fará testes de Covid. Faz comentários como: vou fazer um swab profundo em vocês. Podem ir lá em casa também em particular. Diz que por questão de segurança precisa revistar os homens, nesse caso Jack Mamoa e Josh Brolin (atores que representam nos cinemas respectivamente Acquaman e Thanos), que são apalpados na frente e atrás por longos minutos até a atriz se retirar.
Depois de algumas outras apresentações, entra Chris Rock, que manteve o não bom senso das colegas de profissão, fazendo piadas constrangedoras e de cunho de violência psicológica até o fatídico momento em que Will Smith fica irritado a ponto de subir ao palco e agredi-lo fisicamente com um tapa no rosto e que retornando a sua cadeira, diz: tire o nome da minha espoca da sua boca. Se referindo as piadas anteriores deferidas contra sua mulher.
Will Smith provavelmente teve um daqueles momentos que todos nós já tivemos: nos sentir violados, acuados e incomodados com as palavras e comportamentos alheios.
A agressão física nunca é um comportamento aceitável e é uma das coisas que nos diferem como seres racionais que conseguem conviver em sociedade e a forma como temos leis no campo da ética e moralidade e que nos diferem dos seres não racionais.
No entanto, cabe lembrar que a violência psicológica e emocional também é uma violência. Nossa sociedade parece ter se acostumado a ser violado por piadas que menosprezam aptidões e capacidades ao mesmo tempo que sexualizam todos os nossos passos.
O que aprendi com a reação do Will Smith é que assim como eu estava me sentindo incomodada durante a cerimônia, possivelmente muitos convidados ali presentes, bem como telespectadores também estivessem.
Talvez esteja na hora da academia, bem como a sociedade, perceberem que para além de um tapa ser uma agressão física, a forma como temos permitido que nos vulnerabilizem, sem contestar, seja um sintoma de uma sociedade que precisa rever ser hábitos de consumo, porque sim, consumimos piadas sem bom senso, e se consumimos, fazemos a roda girar constantemente e se perpetuar e ela nunca chegará ao fim.
Assim como precisamos romper um ciclo de violência física nos afastando do agressor, como sociedade deveríamos repensar nossos hábitos de consumo para que toda a estrutura seja renovada e com isso talvez, tenhamos a possibilidade de assistir a um Oscar em que os convidados não se sintam agredidos emocionalmente a ponto de levantarem dos seus lugares para cometer uma agressão física.
E talvez as piadas mudem, tragam maior significado social e talvez possamos construir uma sociedade baseada em valores qualitativos e não em piadas a custa do sofrimento psíquico de outros.
Comentários
Postar um comentário