Todos os vazios e nenhum

Estou em total vazio. Um eco perpetua minha indignação e angústia.

Vozes estão sendo caladas. E vozes estão sendo mais do que ouvidas, estão sendo perpetradoras de abusos sociais e estruturais.

Tenho estado inquieta com todos os acontecimentos recentes e refleti muito antes de escrever este post, porque o mundo que conhecemos tem estado inerte para as coisas assombrosas que ocorrem em âmbito social e catastroficamente militante de causas focalizadas e individualizadas que não permeiam o direito e a liberdade individual.

Tenho me perguntado se o mundo mudou ou se ele continua o mesmo. O fato é que toda minha angústia reside no fato de que perdemos toda e qualquer perspectiva no ser humano como potencializador de vivências individuais e coletivas que agregam e agora nos focamos em sermos objetos do apreço da santa inquisição presente nas redes sociais e fora dela que segregam.

Começo relatando alguns fatos ocorridos na semana passada. O primeiro quando o Papa Franscisco disse ser favorável ao casamento entre pessoas do mesmo sexo e foi apedrejado e crucificado virtualmente nas redes sociais. 

Em seguida tivemos uma ministração do pastor Ed Rene Kivitz em sua comunidade local sobre atualização bíblica como meio de experienciar uma vivência mais contemporânea em um relacionamento conosco e com os demais. Ed Rene foi sentenciado como herege no meio religioso e alvo de muitas, muitas mensagens desagradáveis.

Padre Fábio de Mello disse uma vez que o assunto sobre casamento entre pessoas do mesmo sexo é um assunto de âmbito civil e não religioso. Concordo plenamente. Se eu tenho a crença em um Deus que preconiza o amor a Ele, eu estendo esse amor ao próximo e paro de questionar as escolhas individuais e cercear o direito de liberdade individual e livre arbítrio, paro de julgar a vida alheia e passo a receber e direcionar amor ao outro. O outro assim se torna alvo do meu respeito, do meu amor e da minha admiração.

O amor não encarcera outras pessoas nos nossos próprios jugos, crenças e conceitos morais acerca do que achamos ou não achamos correto.

É bem incoerente defendermos conceitos que nem mesmo praticamos. É como um pai que diz ao filho para não fumar porque faz mal a saúde, porém ele próprio fuma. É no mínimo bem contraditório.

Falando em contraditório, ontem saiu um parecer na justiça favorável a um estuprador. Como isso é possível? Sinceramente não sei. Suspeito que ninguém saiba de fato, porém isso abre precedentes sem fim para a perpetuação do machismo estrutural e social. 

Nós também somos constantemente vitimados quando permitimos que outros falem por nós. Nós estamos constantemente sendo violados, denegridos, espremidos, repelidos. Estamos literalmente sendo empurrados ladeira a baixo. 

Quem tem consciência desse fato, vive em constante crítica de seus pensamentos e comportamentos, na esperança de que mesmo e apenas alguns possam de fato vivificar nossa experiência como seres humanos. No entanto, há os que vivem alheios a realidade imposta, e usufruem da famosa frase: o mundo é dos mais fortes. A estes não resta muita humanidade ou talvez perderam de fato a esperança na tentativa de sobreviver neste mundo feroz. Ou talvez apenas se aproveitem da fragilidade daqueles que considera como fracos.

Além de toda essa infinidade de informações conflituosas e deprimentes, estamos em uma pandemia, que inclusive alguns não entenderam ainda essa conjectura e continuam vivendo em uma espécie de ostracismo intelectual.

O ser humano não se perde na complexidade da exteriorização da idealização utópica de suas crenças, ele se perde em si mesmo quando não vivifica a vivência da plenitude de ser um ser humano dedicado ao amor e a compaixão.


Obrigada pela visita!


Comentários

  1. Adorei o texto sem julgamentos com sensibilidade de pensar no outro amar o outro , se colocar no lugar do outro , quando eu consigo projetar no outro todo amor que tenho dentro do meu ser , meu comportamento torna se mais piedoso , mais amoroso . Este deveria ser um exercício diário.

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